21 de janeiro domingo

Acordei com o toque do meu celular, apitando e comunicando que eu tinha recebido uma nova mensagem. Era do Dudu, e dizia: “bom dia! Ótimo domingo pra você... mais tarde eu te ligo minha pequena. Bjos te adoro. Dudu“
Que fofo, pensei.
Fiquei alguns minutos ainda na cama. Não conseguia parar de pensar na conversa que eu havia escutado ontem a noite dos meus pais. O que será que eles tinha pra dizer a mim e a meus irmãos? Será que eles realmente decidiram se separar? Não sei, mas acho que é algo muito importante.

Não demorou muito e mamãe entrou no quarto.
- Vamos já acordando... quero todo mundo em pé rapidinho porque vamos pra casa da sua avó.
Levantei coloquei meu biquíni e por cima uma roupa leve. A mamãe gostava de chegar
cedo na casa da vovó pra ajudar no almoço enquanto isso os pequenos da família brincavam na piscina.
Quando chegamos na casa da vovó tia Olívia já estava lá. Eu e a Patrícia ficamos conversando na beira da piscina. Como sempre ela só falava do tal namoradinho novo, eu não perdi a chance de falar do Dudu. Ela ficou de queixo caído, porque eu percebi por mais que ela tentou disfarçar.
Me sentei no balanço e fiquei balançando levemente absolta nos meu pensamentos. Ainda estava muito preocupada com a situação de meus pais... nem reparei a presença do Tadeu quando ele se aproximou e me deu um susto
- Hei, tudo bem com você?
- Hã? Ahh, que susto! – dei uma risada sem graça.
- Em que planeta você estava ?
- Em um planeta chamado casa.
- Ahh, pensei que fosse um planeta chamado Dudu.
Não agüentei comecei a rir.
- Não... só tava pensando aqui
- O quê?
- Na minha casa, na minha família... problemas entende? Só que não sei ainda quais são...
Ele pareceu não entender o que eu estava dizendo, mas foi bastante compreensivo.
- Bom mas vamos animar né? Não gosto de te ver com essa carinha. Vem vamos pra piscina.
Ele saiu me puxando pelo braço e entramos na piscina. Depois de nadar ainda conversamos
Bastante. É difícil de acreditar que o Tadeu, um garoto tão legal é irmão da Patrícia.


19:50

Na hora do jantar meus pais estavam muito calados, eu fiquei só observando pois se perguntasse alguma coisa eles desconfiariam da conversa que escutei deles. Se eles fossem falar alguma coisa, essa seria a melhor hora porque estava a família toda na mesa.
Percebi também que mamãe trocavam olhares com papai e ele sempre abaixava os olhos.
- Não vai falar? – falou mamãe secamente a ele – A decisão foi sua.
- Falar o que? – perguntou Bárbara.
Senti um calafrio descendo a espinha.
- Bom eu queria dizer que recebi uma proposta de emprego novo, que eu vou ganhar mais e...
- Então deveríamos estar comemorando – falou o Marcus todo animadinho.
- Mas não é bem assim, teremos que mudar de casa ...
- Oba! Quero um quarto só pra mim – interrompeu Bárbara.
- Vocês querem deixar ele falar? – disse eu. Seja lá o que fosse o restante que ele iria falar não era noticia boa. Podia sentir isso.
- Digo não só mudar de casa, como também de cidade.
Silêncio. Por um bom tempo foi só isso que se ouvia na casa.
- Teremos que ir junto?
- Claro! – respondeu o papai
- Mas eu não quero ir!! – disse eu.
- Vamos todos! – retrucou
- Pra onde? –perguntou Bárbara – não quero ir pra uma cidade que não conheço ninguém!
- Veja só, vamos pra cidade da mãe do seu pai, lá você tem primos querida – respondeu mamãe.
- Eu não vou... nem que eu tenha que ficar aqui com a vovó Bia!
- Não ninguém vai ficar! Já conversei com sua avó e ela não vai ficar aqui com ninguém.
- Mas eu tenho minha vida aqui! Tenho meus amigos, minha escola, o Dudu!
- Creio que você conseguirá tudo isso lá também.
- Pra você é muito fácil pai. Abandonar tudo aqui e começar do zero.
A bárbara começou a chorar e meus olhos já estavam cheios de lagrimas
- Me dão licença que perdi a fome
Levantei e fui pro meu quarto. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo...